Homeschooling, o Ensino de Temas Controversos e o Novo Conservadorismo Brasileiro

A mestranda Helce Amanda Moreira, a doutoranda Fernanda Moura e Pedro Teixeira (coordenador do Diversias) publicaram o artigo “Homeschooling, ensino de controvérsias e o novo conservadorismo brasileiro” na prestigiada revista Cadernos de Pesquisa, da Fundação Carlos Chagas. O artigo também foi destaque no blog da Fundação.

O trabalho discute se o ensino de controvérsias é compatível com o homeschooling. Os autores apresentam as disputas envolvendo o homeschooling no Brasil nos últimos anos, relacionando-as com o avanço do neoconservadorismo no país. Dada as restrições impostas por essa modalidade de ensino ao encontro com a diferença e os valores tradicionais defendidos pelos defensores da proposta, conclui-se que o ensino de controvérsias não é possível no homeschooling. Além disso, chama-se atenção para a primazia dada à família em detrimento do direito das crianças à educação.

O artigo está disponível gratuitamente aqui, em português e em versão inglesa.

A postagem no blog da Fundação Carlos Chagas pode ser lida aqui.

Escola sem Partido e raça: uma educação para a colonialidade?

Caio Garcia (egresso de mestrado), Caroline Maciel (doutoranda) e Pedro Teixeira (coordenador do Diversias) publicaram o artigo “Escola sem Partido e raça: uma educação para a colonialidade?” na Revista Cajuína.

No artigo, os autores analisam postagens feitas no site do movimento Escola sem Partido relacionadas à raça e o ensino de História a partir de referenciais do Decolonialidade. Os textos analisados expressam críticas recorrentes ao ensino de História e consideram como doutrinação abordagens que questionam a colonialidade. Dessa maneira, os discursos aglutinados no ESP reiteram a colonialidade sobre a educação, a sociedade e as relações étnico-raciais, representando um impedimento às práticas pedagógicas e currículos interculturais e decoloniais na educação

O artigo pode ler lido e baixado gratuitamente aqui

Referência do artigo: GARCIA, Caio; MACIEL, Caroline; TEIXEIRA, Pedro. Escola sem Partido e Raça: Uma Educação para a Colonialidade? Cadernos Cajuína, v. 7, n. 2, p. 1–22, 2022.

O novo conservadorismo brasileiro e a educação: Mapeando suas linhas de força

O artigo “O novo conservadorismo brasileiro e a educação: Mapeando suas linhas de força”, de Pedro Teixeira (coordenador do Diversias) e Adrian Henriques (egressa de doutorado do grupo) foi publicado na revista Education Policy Analysis Archives (Arquivos Analíticos de Políticas Educativas).

No artigo, os autores abordam o crescimento do novo conservadorismo brasileiro na política e na sociedade, com foco no campo educacional. Eles montam um mapa da atuação neoconservadora, em quatro linhas de força, destacadas anteriormente por Ronaldo Almeida (Unicamp): moral, econômica, securitária e socialmente intolerante.

Mapa Conceitual das Linhas de Força do Novo Conservadorismo Brasileiro na Educação Fonte: Teixeira e Henriques (2022)

No plano educacional, o novo conservadorismo propaga uma visão tecnicista, bancária e autoritária de educação, enfatizando a atuação da família, cerceando o trabalho docente e a autonomia discente. Essas múltiplas linhas de força levam a reveses significativos na construção de propostas educativas plurais, afetando a prática pedagógica, currículos e formação de professores.

O artigo completo pode ser lido e baixado gratuitamente aqui

Referência do artigo:

TEIXEIRA, Pedro Pinheiro; HENRIQUES, Adrian. O novo conservadorismo brasileiro e a educação: Mapeando suas linhas de força. Education Policy Analysis Archives, v. 30, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.14507/epaa.30.7137

Reportagem: evolução e criacionismo mais de 150 anos depois de Darwin

A teoria da evolução de Charles Darwin é um marco na história da ciência e, após avanços ao longo do tempo, unificou as diferentes áreas das Ciências Biológicas. Desde a publicação de A Origem das Espécies por Darwin, há mais de 150 anos, há conflitos entre defensores da teoria evolutiva e do criacionismo.

Em reportagem do site Gizmodo Brasil publicada em 12 de fevereiro de 2021 – aniversário de Darwin -, o professor da UERJ Luís Dorvillé, membro do Diversias, fala sobre o relacionamento entre evolução e criacionismo e dos desafios para o ensino de Biologia na educação básica e superior:

A gente corre um perigo muito grande permitindo que o criacionismo entre na sala de aula adotando esse tipo de postura. São absurdos que cada vez mais estão avançando. Todo mundo no dia de hoje precisa adquirir uma linguagem em algum grau mínimo para entender o mundo à sua volta. Uma dessas linguagens é a linguagem científica. A gente não ensina ciência para formar uma legião de futuros cientistas apenas, mas fundamentalmente para que as pessoas tenham acesso a uma chave de leitura do mundo, a uma linguagem que lhes permita interpretar o mundo de uma determinada forma. Ensinar o criacionismo como se fosse ciência é negar aos alunos a possibilidade de aquisição dessa chave de leitura.

Confira a reportagem completa no site da Gizmodo Brasil

Como as/os professoras/es de Ciências e Biologia estão trabalhando na pandemia?

Por Pedro Teixeira

A pandemia afetou profundamente a educação básica no mundo inteiro. Como as/os professoras/es de Ciências e Biologia estão trabalhando nesse contexto? Buscando respostas, a Regional 2 da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBio) realizou uma pesquisa com docentes dessas disciplinas. O coordenador do Diversias, Pedro Teixeira, é conselheiro da Regional 2 da SBEnBio e participou da elaboração do estudo. Juntamente com Rodrigo Borba, secretário da regional e professor da UEMG, discutiu os principais resultados em uma live, que você pode conferir abaixo. A pesquisa foi publicada na forma de artigo, em co-autoria – além de Rodrigo e Pedro – com Karine Fernandes (UFF), Maína Bertagna (UFF), Cristiana Valença (CEFET-RJ) e Lúcia Pralon (Uni-Rio), na Revista de Ensino de Biologia da SBEnBio, que pode ser acessado aqui.

Por que ensinar temas controversos?

Por Pedro Teixeira

O Diversias se dedica, principalmente, a pesquisar sobre o ensino de controvérsias e sobre as controvérsias que ocorrem no cotidiano escolar. Embora não haja um consenso em como definir um tema controverso, muitos autores destacam que se tratam de questões abertas, sem uma resposta clara e com diferentes partes e pontos de vista envolvidos.

Em geral, são temas que despertam grande interesse de estudantes. Contudo, geram também grande receio entre professoras e professores, porque podem criar discussões acaloradas em sala de aula, produzir tensões com a comunidade escolar e, em alguns casos, até mesmo gerar processos judiciais.

Por que, então, ensinar temas controversos? Não seria melhor deixar de lado esses assuntos ao planejar os conteúdos a ensinar?

Diana Hess, professora da Universidade de Wisconsin-Maddison (EUA) e uma das principais pesquisadoras da área, defende que a discussão desses temas é fundamental para a saúde das democracias. Além disso, a escola é um dos poucos espaços em que jovens podem se encontrar com outras pessoas que pensam de forma diferente deles para discutir um assunto específico, com a mediação de uma pessoa com formação específica e mais conhecimento (o/a professor/a). A autora reconhece, entretanto, que essa não é tarefa fácil para os docentes, já que envolve uma série de definições complexas: quais assuntos serão tratados como controversos? Deve se priorizar um determinado posicionamento ou a questão será tratada como totalmente aberta? O professor deve revelar sua opinião ou não? O assunto pode ser mais sensível para alguns alunos (como minorias, por exemplo)?

Não é possível responder todas essas perguntas de forma tranquila e sem assumir determinados posicionamentos. Mas podemos pensar em justificativas para essas escolhas e em estratégias pedagógicas que sejam coerentes com elas.

Em nosso Blog vamos explorar essas temáticas e outras, com textos de autoria de diferentes pesquisadores do Diversias. Acompanhem a gente por aqui!

Para saber mais:

TEIXEIRA, Pedro. As relações entre diversidade e a discussão de temas controversos: desafios atuais para a escola. Revista E-Curriculum (PUCSP), v. 16, p. 494, 2018.https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/33453